sexta-feira, 25 de abril de 2014

Suficiente



Tenho pena das pessoas que vivem de coisas suficientes. Aliás, tenho pena das pessoas que se contentam e não se incomodam de viver apenas com coisas suficientes.

Acho que é essencial do ser humano sonhar e querer buscar sempre o máximo que se possa vir a ter.

O suficiente é muito pouco. É aquilo que qualquer um pode ter e é aquilo que qualquer um pode oferecer.

Ei! Mas, espere aí! O que está sendo abordado não é a materialidade do suficiente em todos os aspectos. Não quero ser interpretada como aquela que não entende que há pessoas que só tem, e só podem ter, o suficiente, (casa, roupa, comida) e mesmo assim são muito felizes. Eu também estou passando por uma fase “suficiente”: estou comendo o suficiente, dormindo o suficiente, estudando o suficiente e trabalhando o suficiente. Tudo para que eu consiga levar de maneira suportável, esta vidinha desgastante de funcionária pública. E, mesmo assim, eu tento fazer do meu suficiente o melhor que eu posso fazer. Porque, eu sei que, momentaneamente, é assim que tem que ser.
Mas não consigo falar, ou pensar, sobre “suficiente”, quando se fala de sentimentos, ou de demonstrações de carinho.


vamos as babaquices do amor de sempre...


Como você reagiria se perguntasse para a pessoa que você ama, o quanto ela te ama, e ela respondesse, “o suficiente”!?

Eu encararia como um pressuposto de esconder a verdade: “estou com você por conveniência, por que eu preciso, mas não amo você!”

O suficiente é relativo: o que pode ser o suficiente para um, pode ser pouco demais para outro. Para mim o suficiente, nesta questão, é aquilo que fica escondido, é o quase nada; e o que vale mesmo é o que excede, é o que transborda, é o que dá pra ver.

Quando se pede uma prova de amor, não se espera, presença constante, não exige-se que o outro perca a liberdade, nem que se gaste fortunas com presentes, festas e restaurantes. Espera-se companhia! Mas companhia de verdade, daquelas que tiram a solidão e transmitem segurança; espera-se carinho incondicional e não escondido, espera-se fidelidade, confiança e companheirismo.

E nada disso deve vir acompanhado da palavra “suficiente”.
Porque se não, a situação tende a ser inercial, ou seja, tende a permanecer no estado em que se encontra.
Se eu estou feliz sem vc, e você chega com coisas suficientes para me oferecer, eu sinto muito, mas prefiro continuar sem vc.

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